A União Internacional de Telecomunicações (UIT), com base em Genebra, divulgou ontem o seu relatório anual intitulado “Medindo a Sociedade da Informação” (Measuring the Information Society), com diversos dados e rankings sobre o uso da tecnologia digital no mundo. A parte que nos toca não é muito animadora: em termos absolutos, o Brasil é o país com a tarifa mais cara do mundo para chamadas de celular. Em comparação com o poder aquisitivo dos habitantes, somos o quarto país mais caro - apenas a Bulgária, o Malawi e a Nicarágua nos superam. As suspeitas de todos os usuários se confirmaram agora em números concretos. O relatório, contudo, também traz alguns bons prognósticos para o país.
Vamos, primeiro, às más notícias: segundo a UIT, um minuto no celular em horário de pico no Brasil custa em média US$ 0,71 em chamadas entre aparelhos da mesma operadora. No caso de chamadas entre operadoras diferentes, o preço sobe para US$ 0,74 por minuto. Essa pesquisa teve como base as tarifas cobradas em São Paulo. Para se ter uma ideia do absurdo, pagamos três vezes mais do que um americano ou um português para falar no celular, cinco vezes mais do que um espanhol, e setenta vezes mais do que um chinês de Hong Kong.
A situação melhora um pouco, contudo, quando se analisam os preços da banda larga e, principalmente, da telefonia fixa. Quanto a esta última, somos o 112º país na lista de tarifas mais altas. No que diz respeito ao preço da banda larga, “somente” 54 países oferecem taxas mais baratas - se considerarmos os problemas de infra-estrutura que enfrentamos na área, essa colocação pode ser considerada boa. Levando-se em conta as tarifas em conjunto (fixa, de celular e internet), ocupamos a 93ª colocação entre 161 países avaliados, e pagamos mais do que a Índia, a Colômbia e o Peru.
A UIT também divulga um índice chamado IDI, que mede o índice de desenvolvimento de cada país quanto às tecnologias de informação e telecomunicações. Nesse ranking, o Brasil ocupa o 62º lugar, abaixo do Líbano, Arábia Saudita, Rússia, Malásia, Azerbaijão e Cazaquistão.
Mas nem tudo são más notícias no relatório da União Internacional de Telecomunicações. Seus dados revelam que, apesar dos altos preços dos serviços no país, cada vez mais brasileiros têm acesso a celulares e à internet. Já existem mais aparelhos do que habitantes (a relação é de 125 dispositivos por 100 brasileiros) e, pela primeira vez, 50% da população usa a web. Além disso, o uso da banda larga apresentou um pequeno aumento (de 8,6% em 2011 para 9,2% em 2012) e o acesso à rede 3G avançou bastante: em 2011, 21% dos celulares tinham o serviço. No ano passado, o número subiu para 37%.
De maneira geral, a população se mostra interessada e curiosa com relação às novas tecnologias, e se não tivéssemos preços tão elevados, a expansão da vida digital seria bem mais acelerada no país.
Por que, na sua opinião, temos de pagar preços tão altos por serviços de celular e internet?
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